OTHER: Evanesce, by May


Evanesce

EVANESCE
por May

O amor às vezes pode ser como uma tatuagem. Acho que nosso amor virou uma mera tatuagem para nós. Não que não machuque ainda, ela está marcada, não está? E mesmo que eu a tente apagar, estará lá, marcado na minha pele e em meu coração, até que meu último suspiro seja dado.
Gênero: Angst, Citrus, Mary Sue, Romance e Novela
Dimensão: Oneshot, Songfic
Classificação: PG-15
Aviso: Apenas você e sua melhor amiga são interativas!.
Sungmin é fixo como par principal.

ܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔ

 

Capítulo Único

 

Ainda é estranho ver nossas fotos penduradas no varal da lembrança na parede do meu quarto. Confesso que ainda não me acostumei que elas serão meras lembranças. Por que elas não irão mais acontecer.

Parece que o tempo parou para mim. Não sei explicar, eu continuo acordando a cada manhã, fazendo as mesmas coisas, frequentando os mesmos lugares, falando com as mesmas pessoas... Mas é como se faltasse algo.

— Se ficar parada aí, só vai se machucar. — e como sempre, viria tentar me ajudar.

Diariamente eu venho sorrindo fraco para todas as coisas que me acontecem. Por mais sinceros que sejam, não me sinto no direito de dar aqueles meus costumeiros sorrisos de orelha a orelha.

— Me pergunto se ele está bem, .

Passava os dedos sobre as fotos, desenhando sob cada detalhe do seu rosto sorridente. A franja, que antes cobria até seu olhos, agora permanece sempre com gel. Nem parece o mesmo garoto de três anos atrás.

Uma nova pessoa na sua vida fora o bastante para você virar outro alguém. Esnobe, sempre bem vestido, calculista e frio.

Semanas atrás, era o simples oppa que eu tanto amava.

— Eu garanto que ele está muito bem. Casado, uma economia enorme, amigos e saúde para dar e vender. — se aproximava do meu pequeno, mas importante varal.

Sorri curto ao me lembrar de quando nos conhecemos. Você era um menino sorridente, que apesar de sério quando precisava, se dedicava para seguir seus sonhos e conquistar o que bem queria.

— E eu garanto que ele também sente a sua falta. — ela me olhou — Qual é, . Ele te amava muito, ele também se machucou.

Talvez. Realmente fomos um casal muito invejável, e eu gostava de admitir isso no fim das contas.

— Você tem certeza que devemos ir? — me pronunciei depois de algum tempo — Digo, eu só o vejo por fotos agora, ele pode estar mais frio do que eu achava, ou talvez ele...

! Calma, ele ainda é o fofo sorridente que estudou conosco, só vamos nos encontrar com os garotos, relaxa.

Silêncio...
Não há mais nada a dizer?
Faz muito tempo
Desde que as flores
Brancas de risos
Secaram

O caminho até a casa de DongHae foi em meio a conversas e algumas risadas de situações antigas.

— A última foto de vocês foi alguns meses antes dele se casar, não foi? — soltou e pensei um pouco, direcionando meu olhar para a janela.

— Foi no dia que saímos da gravação de Mamacita, lembra?

pareceu pensar, até finalmente se lembrar do que acontecera naquele dia.

— Perdão.

— Não é culpa sua. — fui sincera, apesar de que me lembrar daquele dia era muito doloroso — Já passou.

Faltavam apenas algumas quadras até finalmente chegarmos no prédio, mas não pude deixar de me lembrar do que aconteceu naquela tarde.

As pétalas das flores
Caíram mais e mais
Formou-se sujeira
A paixão ardente
Tornou-se cinzas

 

•••Flashback•••


— Você está fofo com essa fantasia de diretor de banco. — disse em meio aos risos.

— Eu pareço gordo, olha que horror. — ele estendeu os braços para parecer um pouco mais rechonchudo.

— O hyung está. — Kyu apareceu enquanto o mais velho o fuzilava com o olhar — , irá com a gente até o dormitório para comemorarmos, não é?

— Vocês ainda estão naquele dormitório? — perguntei um tanto surpresa.

— É confortável. — Kyuhyun deu de ombros enquanto me olhava. Ele dirigiu o olhar para Sungmin e tentou sussurrar — Já contou para ela?

Apenas tentou. E tentou mal, por que eu pude escutar tudo.

— Contar o que?

Sungmin o repreendeu com o olhar e mordeu o lábio assim que me olhou.

— Tem algo sério que preciso falar contigo. — ele pegou em minha mão e puxou-me para um lugar um pouco mais afastado. Por cima do ombro, pude observar a feição de Kyu.

Ele parecia triste. Não conseguia explicar o porquê, ele parecia tão feliz até segundos atrás.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei assim que Sungmin parou de me puxar.

Ele assoprou sua franja para que saísse do seu olho e me olhou.

— Você se lembra da Sa Eun? — engoli seco, logo concordando levemente com a cabeça — Ela pediu para nos encontrarmos.

Pisquei algumas vezes. O que ele queria dizer com aquilo?

, eu gosto muito de você. Mesmo, de verdade! Mas...

— Você ama a Sa Eun... — eu disse duvidando de minhas presunções, mas o aceno dele apenas confirmou de meus pensamentos.

Ele estava terminando comigo.

— A gente ainda pode ser amigo! Lembra? Pra sempre, amigos. — ele ainda tinha a coragem de sorrir.

Respirei fundo tentando conter as lágrimas que se formavam no canto dos meus olhos.

— 1 ano e dez meses jogados no lixo. — era tudo o que eu conseguia dizer. Estava em choque, triste.

Olhei para meu antebraço, ainda com a tatuagem que eu fiz quando li a letra que Sungmin escrevia.

— Não vamos conseguir ser amigos.

Concluí e o olhei nos olhos.

— Será mais doloroso ainda pra mim. Olha... Eu... — não sabia o que falar — Não quero te ver na minha frente mais, me deixa ir embora.

Ele olhou para o chão e deu uma pequena virada.

Saí batendo em seu ombro, indo em direção à saída. Eu mandaria uma mensagem a Kyu ou Leeteuk depois avisando que não poderia ir para o dormitório os visitar.

Porque tudo que é bom
Acaba assim?


•••Flashback•••


Acordei do transe quando percebi que algumas lágrimas caíam na minha perna.

Suspirei e limpei as lágrimas.

— Ai! Você chorou, mil perdões, .

— Faz parte ... Está tudo bem.

Olhei para minha tatuagem. Não tinha coragem de mexer nela para tentar tampá-la com algo, mas às vezes no banho, eu pegava a esponja e, de algum modo, tentava esfregar como se saísse que nem sujeira.

— Chegamos. — ela soltou o cinto e me olhou — Preparada?

— Talvez.

Saindo do carro, me deparei com aquele prédio em um dos bairros nobres de Seul, que eu não fiz questão de saber qual era.

Dirigimo-nos até o hall de entrada, enquanto falava com alguma das atendentes no balcão buscando nos permitirem entrar, observei ao redor.

Eu já tinha vindo até aqui. Quando esse prédio estreiou, uma das nossas coreógrafas comprou alguma suite do último andar e nos preparou uma festa de fim de ano.

— Apartamento 3002. — se aproximou enquanto encostava levemente em meu braço — Aish, eu nem mesmo gosto de elevadores e agora terei de subir trinta andares.

Ele fez beicinho como se estivesse triste.

, você já tem 31 anos.

Esperei o elevador descer até o térreo para subirmos ao apartamento de Hae.

— Como está Yesung? — perguntei assim que entramos no pequeno recinto. O elevador era todo espelhado e os botões iam até o trigésimo quarto andar. Do jeito que me lembrava.

Distrair para que a mesma não enlouquecesse dentro do elevador seria essencial.

— Está bem. Não me encontro muito com ele, quando ele chega na casa do irmão, geralmente eu já terei ido embora. Mas ele disse estar passando bem, na última vez que nos vimos.

era a melhor amiga do dongsaeng de Yesung. Até hoje não sei o que os fizeram ser tão amigos assim, mas não implico também.

Ainda no assunto Yesung’s Life, o elevador finalmente parou no trigésimo andar.

— Nem precisou ir para o médico, unnie! — zombei da mesma assim que saímos.

Ela revirou os olhos enquanto me guiava pelo corredor direito.

— 3002. - ela concluiu ao olhar os números ao lado da porta — Você toca a campainha.

A olhei incrédula, mas do mesmo modo pressionei o pequeno botão. Sem muita demora, um Hae de cabelos longos e bagunçados apareceu.

— Achei que estaria loiro ainda. — comentei ao vê-lo de cabelo preto.

— As promoções já acabaram. — me abraçou com um beijo na bochecha, um costume que criamos entre nós todos — Oi, .

Ambos se cumprimentaram da mesma forma e ele nos deu passagem para entrar.

Retirei os sapatos, logo pegando um dos chinelos.

— Pra que tudo isso de chinelo?

— Eu tirei esses do fundo do armário para ter para todos. — ele sorriu convencido.

Ri com sua justificativa e guardei meus sneakers no pequeno armário.

Não sei porque
Me diga porque
Por que o amor acaba?
Por que as coisas
Que irão desaparecer
São tão belas?


— Licença... — pedi assim que passei pela porta que dividia o quartinho dos sapatos com a sala.

— Noona! — pude ouvir a voz de EunHyuk e... Ryeowook?

— Vocês não estavam no exército? — me assustei quando vi Wook e Kyu junto dos garotos na sala.

— Temos folga e hoje é um dia mais do que digno de uma folga. — Ryeowook deu um sorriso fofo e concordei. Kyuhyun se dirigiu até a cozinha.

— As duas que faltavam finalmente estão aqui. Podemos começar?

Hae se sentou no último almofadado do sofá, enquanto eu e íamos cumprimentando os garotos.

— Siwon! Cada dia mais másculo, tenho muito orgulho! — ri junto do mesmo assim que nos abraçamos.

— Noona está muito bela também. — ele elogiou-me e sentou-se novamente.

— Kangin oppa, fiquei sabendo da tua reflexão... Mas é arteiro. Não posso dar as costas que já faz arte.

Ele apenas sorriu tímido e me deu um abraço.

— Shindong oppa! Te vi semana passada na empresa, mas nem pude falar contigo, droga.

— Você fica me ignorando na empresa, acho isso um absurdo vindo de uma dongsaeng. — fingiu estar bravo e virou a cara

Dei algumas risadinhas e o deixei comer, algo que ele fazia alguns segundos atrás.

— Oi noona.

— HyukJae, você é do mesmo ano que eu, me sinto velha.

— Mas você cuida de mim como se fosse mais velha, mesmo que eu tenha nascido antes de você em meses.

— Aish, tudo bem então. — passei por ele assim que dei-lhe um abraço — Yesung oppa!

— Ah, oi . — ele deu um pequeno sorriso, logo olhando para o lado discretamente — Você está bem?

— A gente vai levando né? — tentei desviar o assunto dando-o um abraço — E seus doramas? Está atuando super bem.

Ele sorriu e me agradeceu.

dongs. — Leeteuk se levantou para me dar um abraço e um beijo no rosto — Como tem passado?

Ele tinha o mesmo sorriso alegre.

— Vou indo bem, oppa. Ando treinado bastante minha dança. — dito, o mais velho concordou com a cabeça e se sentou novamente — Olá, Heechul oppa.

— Olá . — ele deu um mero sorriso.

Passei por eles e... Só faltavam mais dois seres para cumprimentar.

— Oi, Sungmin. — o olhei sentado no sofá. Como eu estava de pé, ele precisou levantar o olhar para mim.

— Hm, oi .

Curto e seco. Não esperava outra de Lee Sungmin.

— Olá Sa Eun.

— Olá unnie. — ela sorriu e desapoiou a cabeça do ombro do namor- digo, esposo.

Não querendo ficar ali por mais muito tempo, desviei de ambos e fui cumprimentar KyuHyun estava na cozinha.

— Annyeong! — o dei um susto e ele deu um leve pulo.

— Aigoo, noona. Imagina se eu tenho problema cardíaco e acabo morrendo por culpa sua?! — ele usou a linguagem informal.

— Yah, eu sou dois anos mais velha, me respeita.

— Não.

— Até parece sério assim. — bati levemente em seu braço e saí sem dizer mais nada.

Me sentei no chão junto de , que conversava com Shindong sobre algo do último comeback.

— O MV ficou muito bom, meninos. Vocês planejaram muito bem. — elogiei, logo me lembrando que Sungmin também estava ali perto.

Fiquei quieta querendo enfiar minha cabeça no chão.

É um devaneio
Amor é como um devaneio

— Também achei. — Sungmin disse e se levantou, indo para a cozinha.

Pressionei meus lábios fortemente, enquanto meus olhos se fechavam. Certo, eu já havia feito merda e não deveria ter passado nem mesmo cinco minutos que tinha chego.

— Mas, conte-nos , como está indo na dança? — Eunhyuk trocou o assunto e aliviei um pouco.

— Acho que estou indo bem. — comentei, mas não quis prolongar tanto.

— Unnie fez especialização nos Estados Unidos, não? — Sa Eun continuou o assunto e dei uma leve suspirada.

— Sim, fiquei sete meses em Los Angeles e quinze meses em Manhattan.

Ela pareceu se impressionar.

— Wow, quais foram as faculdades?

— UCR e New York University. — sorri para a mesma — Apesar de ficar morando em Los Angeles, eu ia para Riverside durante os dias úteis e voltava sexta à noite.

— NYU é uma faculdade muito renomada. — Heechul comentou — E muita cara também.

Dei um sorriso envergonhado. Não gostava de falar da quantidade de dinheiro que gastei com essa minha “loucura” de estudar na NYU.

— Você namorou alguém lá?

Escuridão
Por que está
Se apagando tudo?


Olhei para Yesung depois da pergunta que ele fez. Talvez ele não sabia do que tinha acontecido de fato.

— Decidi que era melhor me focar na dança. Já faz um bom tempo que não namoro, mas estou bem. — tentei disfarçar dando um sorriso um tanto falso.

— A unnie não gostaria de um dia se casar?

— O que? — eu perdi as contas de quantas vezes pisquei. Sa Eun me perguntou numa naturalidade que até me assustava — Ahn... Claro que quero, algum dia. Mas vou esperar pela pessoa certa.

Não consigo ver nada
Do meu interminável futuro
Fazendo-me sonha-lo
Do jeito que quero


Ela sorriu ao perceber que aquele assunto ainda era estranho pra mim. Principalmente a pergunta vindo da que roubou a pessoa que mais amei na vida.

Olhei para meu braço e vi a tatuagem. Contornei com o dedo sobre as letras desenhadas em minha pele, me lembrando um pouco daquele dia da gravação.

•••Flashback•••


O Sol se põe

Cada vez mais
Torna-se escuro
As ondas irão falhar
Algum dia


Cheguei ao estúdio uns 20 minutos antes do combinado. Assim que adentrei o local percebi que Shindong auxiliava a Hyuk e Hae sobre como gravariam a parte da dança de ambos.

— Boa tarde, ! — disse assim que avistei-a ajustando a maquiagem de Wook — Oi Ryeowook.

Ele me deu um sorriso e fechou os olhos novamente. A música soou no estúdio pela segunda vez e passei assistir coreografia de Eunhyuk com Donghae.

— Hyuk hyung se superou, não acha? — Wook apareceu do meu lado — Ele disse que se esforçou muito para impressionar a noona.

Ri de seu comentário. Depois do meu término com Sungmin, mal apareci na empresa. Na verdade, eu nem ao menos estaria aqui por conta própria, mas Hyuk insistiu tanto para eu dançar consigo que acabei cedendo.

— Corta! — acordei do transe ao ouvir Shindong anunciando o fim da gravação — Vamos nos arrumar para Evanesce.

me puxou para sentar na cadeira onde, anteriormente, Wook estava sentado.

— Sua maquiagem vai ser quase imperceptível, você vai ficar lindíssima. — ela se convenceu e começou a passar base na minha pele.

Uns cinco minutos depois, estava pronta. Quando me olhei no espelho, mal percebi o uso da maquiagem, a não ser pelo lápis que a mesma passou na minha linha d’água.

— Ficou lindo, . Muito obrigada.

Os staffs já tinham ajeitado o novo cenário, com galhos e folhas secas pelo chão e em cima dos móveis cobertos de pano branco.

— Vamos começar com o Kyuhyun. — Shindong gritou avisando para o maknae se apressar, o que fora obedecido.

Acho que Kyu terminou de gravar em menos de dez minutos. Era cena com cara de tristeza, outra cantando, outra nele caminhando, mais uma cantando enquanto gravava os pés pisando nos galhos secos... Uma cassetada de coisa.

— Estou atuando super bem, não é? — chegou ao meu lado tirando o blazer — Está quente.

Concordei com o mesmo, que sorriu.

— Sabia. Estou virando um profissional nisso, eu sei, eu sei.

— Yah, eu estava falando sobre estar quente. — abaixei a bola dele — Você está indo bem na atuação, mas falta muito ainda.

— Não é como se a noona atuasse bem. — ele riu.

— Não é como se eu precisasse.

— Nossa, era só brincadeira, sua grossa.

Ri da sua cara de tristeza e lhe apertei as bochechas enquanto ele reclamava.

— Está tudo bem, ? — ele perguntou assim que parei de zoar o mesmo.

— Mais ou menos. — ri levemente — Pense que você está namorando uma garota que tu acha excepcional, mas então, do nada, ela pede pra terminar e semanas depois ela anuncia que irá se casar em três meses?

Ele me olhou e me puxou para um abraço.

— Sungmin hyung foi um pabo contigo, mas isso não significa que você não tem que ir para a empresa ainda.

Ouvi um grito seguido de uma risada. Olhei em volta procurando o que era e percebi ser Wook e Siwon brincando.

, eu estou falando sério. — ele me puxou novamente — É estranho não te ver por lá. Fazem dois meses quase.

Por que tudo que é bom
Termina assim?

— Perdão, Kyu... É que estou resolvendo outros assuntos pessoais.

— Fugir de Sungmin é um deles? — ele me olhou como se fosse óbvio.

Mordi o beiço e percebi Eunhyuk se aproximar junto de . Merda, ele não poderia vir perguntar sobre...

— Que história é essa que você vai para os Estados Unidos? — pronto, a merda foi jogada no ventilador.

— O que? — Kyu me soltou e me afastei uns dois passos — Por que não contou?

— Não era para você saber ainda... Nem mesmo Hyuk.

Kyuhyun fechou os olhos e pôs a mão no quadril. Quando ele fazia isso é porque estava ficando com raiva, e aquilo não era bom.

— Quando você vai?

— Dia sete de dezembro.

Ele abriu os olhos e suspirou incrédulo.

— Você nem mesmo vai pro casamento do Sungmin?! — ele quase gritou.

Siwon, que agora era quem gravava, parou de atuar assim que ouviu. Quem eu quero enganar, todos ouviram.

— Kyu, fala baixo... — supliquei quando todos olharam para nós quatro. Pedi socorro para com o olhar, mas ela também não sabia o que fazer.

Não sei porque
Me diga porque
Por que o amor acaba?
Por que as coisas
Que irão desaparecer
São tão belas?


— Aish... — resmunguei antes de sair dali.

Foram menos de dez passos para fora do estúdio até que alguém segurasse em meu pulso e virasse meu corpo com força.

— Isso é sério?

Engoli em seco. Sim, era sério. Eu não iria no casamento dele. Não só porque eu ainda não me sentia a vontade quando estávamos a sós, mas porque eu precisava de novos ares urgentemente.

— Pensei que a gente era amigo acima de tudo.

— Isso acabou no momento em que percebi ter sido enganada durante quase dois anos. — respirei fundo, não queria chorar, não iria chorar — Eu gostei de você, eu amei você, para receber o que em troca? Saber que a pessoa que namorava sempre preferiu outra?

Sentia minha visão embaçar com as lágrimas se formando, mas não as permitiria caírem, enquanto eu pudesse segurar, o faria.

...

— Sungmin, achei que nossa conversa tinha acabado naquele dia, junto do nosso namoro. — desabafei olhando para o chão — Não quero falar sobre isso.

— Você vai faltar o meu casamento por ciúmes besta? — ele perguntou e levantei meu olhar, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

— O que?

— Você está com ciúmes, não é? — ele bufou um tanto convencido — Eu sei que a gente é amigo desde pequeno, até namoramos a um tempo atrás, mas isso não justifica você faltar o meu casamento.

Pisquei duas, três... Talvez dez vezes antes de processar o que ele falou. Ciúmes?

— Tu achas que to fazendo ceninha por “ciúmes”?!

Ele concordou com a cabeça, como se fosse óbvio. Cínico, eu diria.

— O que essas semanas fizeram com você? — perguntei ainda incrédula, já sem mais vontade de chorar — Se isso fosse ciúmes, eu iria para o seu casamento.

— Então vá, cobrarei da tua presença. — disse e saiu, voltando para o estúdio, onde a música voltara a tocar.

— Eu não acredito nisso. — disse para os ares — Alguém me mata, por favor.

É um devaneio
O amor é como um devaneio

Olhei para o chão com alguns gravetos e folhas que devem ter caído antes de chegarem ao cenário. Dirigi meu olhar para minha tatuagem.

— Inacreditável. — sussurrei.

— Você ainda não pintou isso? — ouvi uma voz.

— Não é tão fácil assim. — me virei e dei de cara com Kyu, Leeteuk e Wook — Vocês não deveriam estar gravando?

— Eu e Wook gravaremos mais pro final, queríamos falar com você primeiro.

Nos sentamos num dos banquinhos que haviam ali do lado de fora.

— Por que Los Angeles? — foi a primeira vez que ouvi a voz de Wook naquele diálogo.

— Tem uma boa faculdade de dança. — era a única justificativa que encontrei, mas na verdade, era porque eu queria estar o mais longe possível no dia do casamento.

— Você não nos engana, . — Kyu disse — Sabemos que, no fundo, você está fugindo do casamento do Min.

Suspirei cansada de negar. Talvez seja a verdadeira razão da minha pressa, mas que culpa eu tenho?

— Você realmente não pode vir? — Leeteuk perguntou, recebendo meu não como resposta — Olha, , apesar de Sungmin ter feito aquela burrada contigo, ele te considera muito. Vocês estudam juntos desde pequenos.

Levantei meu olhar assim que o vi passando pela porta do estúdio. Acho que Sungmin me viu, apenas não manteve o olhar.

— Além disso, Sa Eun quer que você vá... — Kyu avisou e acabei rindo com descrença — Ela pediu para um de nós convidar você para ser madrinha dela.

— Vocês estão me pedindo muito. — suspirei olhando pro chão novamente — Não seria estranho para vocês irem no casamento da tua ex namorada? Sendo que vocês terminaram à uns dois meses?

Eles pareceram pensar quando, de repente:

— Leeteuk, sua vez! — ouvi a voz de Heechul e o líder se levantou.

— Reflita bem. Não como a ex namorada do Sungmin, mas como a amiga de infância e unnie da noiva. — disse enquanto segurava em meu ombro, logo se afastado para ir gravar sua parte.

Mesmo sabendo que
O Sol nascerá novamente
Depois que a noite acabar


Fiquei em silêncio enquanto Wook e Kyu permaneciam ao meu lado.

— Noona não tem de repassar os passos com o Hyuk? — Ryeowook perguntou tentando desfazer daquele silêncio.

— Talvez sim, mas se ele não me chamou até agora, vou esperar né.

— Ficamos super felizes de ter aceitado. — Kyu soltou e riu, juntei-me a ele.

— Hyuk pediu tanto que nem pude recusar.

— Ficamos com medo de não querer pois foi Min quem escreveu.

Olhei para a tatuagem novamente, soltando um sorriso.

— A música é linda, ele se superou mesmo. — sorri tentando ser doce — Estou orgulhosa.

A música soou novamente e decidimos voltar, desde que ainda precisava maquiar meu braço para esconder a tattoo.

Assim que adentramos ao estúdio novamente, Leeteuk veio chamar Wook, desde que já era a vez do mesmo de gravar.

— Daqui a pouco é você, está te esperando para ajustar o penteado e sua tatuagem.

Assenti e fui até a minha melhor amiga, que decidiu apenas repicar meu cabelo e passar um spray no meu braço, que tampou a tattoo.

— Você vai arrasar, unnie.

Sorri minimamente enquanto me dirigia ao estilista pegar o vestido que iria usar.

— Branco? — perguntei assim que vi o vestido que escolheram. O peguei e fui até um dos provadores, logo saindo.

— Noona! — Eunhyuk apareceu quando eu procurava por alguém — Acho que já...

— Fecha para mim? — me virei de costas apontando para o zíper que ia até minha nuca.

Logo senti o mesmo fechando meu vestido.

— Obrigada, — sorri — mas o que você queria me contar mesmo?

— A-ah tipo... Hm, deixa pra lá.

Sem me dar tempo de programar uma resposta, o mesmo saiu, quando me chamaram para gravar.

— Fique ali, ! — Shindong pediu enquanto apontava para o lugar, me dirigi até lá — Perfeito.

Primeiro eu gravaria com Wook. Nada que tenha demorado muito, passamos duas vezes para ter certeza que tinha ficado bom.

— Vai mais uma! — Shindong pediu e voltei a minha posição — Vai!

Ryeowook se aproximou e quando foi pegar na minha mão, começou a rir.

— Aigoo, vamos logo com isso Wook! — disse com impaciência, mesmo morrendo de vontade de rir com ele.

— Mianhae, noona. — ele tentou se concentrar enquanto soltava mais algumas risadas — Agora podemos ir.

Dito e feito, passamos mais uma vez e Shindong o liberou.

— Agora vem a parte difícil, está preparada? — Hyuk perguntou enquanto se aproximava.

— Nasci pronta.

— Yah, vocês dois! — Shindong nos olhou antes de começar a gravar — Eu quero passar só uma vez com vocês, já demorei de mais com aqueles mongos.

Rimos do modo que Shin falava dos outros membros.

— Atenção! — ele levantou a mão e nos olhou depois de conferir na câmera — Ação!

O finalzinho da parte de Wook tocou e comecei senti Eunhyuk pegando na minha mão, para finalmente dançarmos.

A dança era muito apaixonante. Hyuk pensou em cada coisinha para deixá-la ainda mais sentimentalista e expressiva, claro que teve a minha ajuda, mas não deixa de ser a coreografia dele.

Passamos uma vez e ouvi Shindong gritando para cortar a gravação.

— Eu nunca duvidei de vocês. — ele nos abraçou, algo que Hyuk estranhou totalmente — Terminamos a gravação!

Saí do centro do estúdio e fui colocar minha roupa de volta.

Camiseta, calça jeans e um vans costumeiro, enquanto saía do estúdio, Kyu me chamou para esperá-lo.

saiu enquanto você ainda dançava. Acho que aconteceu alguma coisa com a família dela.

Acenei por ter entendido, enquanto caminhávamos para fora do estúdio.

— Quero uma carona sua até o dormitório. — disse indo à porta do carro.

Entrei no lado do motorista e dei partida.

— Leeteuk não vai te dar um esporro não?

— Ele acabou de voltar do exército, ele quer mais é eu distante para ele ficar em paz. — Kyu riu e o acompanhei.

— Sobre o que quer falar? — perguntei enquanto avançava um sinal que havia aberto agora pouco.

— Vai comigo como madrinha da Eun. — soltou a bomba e assustei, logo dando um freio bruto, o que fez Kyu inclinar para frente e bater a cabeça no vidro levemente — Ayo!

— Desculpa! — disse nervosa — Machucou?

— Não, mas eu estava falando sério. — ele me olhou — Por favor, . Pela Eun.

Suspirei vendo que não largariam do meu pé.

— Vou ter que adiar a minha passagem.

— Eu te ajudo, mas você vai? — seus olhos pareceram brilhar e acabei rindo.

— Pela Eun.

Ele fez uma mini comemoração e comecei a rir do seu entusiasmo. Ele estava certo afinal, não era pelo Sungmin que eu deveria ir ou não ir no casamento, era pela Eun.

Esperei tanto por esse momento
Que não posso me sustentar


•••Flashback•••


Os garotos ainda conversavam sobre o passado, lembrando de quando éramos crianças até quando estávamos todos juntos no casamento de Sungmin.

No fim das contas, não foi tão ruim ter ido como madrinha de Sa Eun. Kyuhyun também foi super amorzinho comigo, estava lindo naquele terno.

— Vamos para a Night. — Kangin se levantou depois de pronunciar aquilo.

— Isso não vai prestar. — avisou aos risos — Antigamente vocês não eram tão famosos.

— Qual é, vai dar tudo certo! — garantiu — Nós reservamos a Night por hoje, apenas pessoas permitidas poderão entrar.

— E suas fãs malucas? — perguntei.

— Não conseguirão entrar, colocaram um monte de segurança lá na frente e até dentro do salão, chega a ser estranho.

— Tudo bem, vamos. — Leeteuk se levantou — Cada um no seu carro ou...

— Os bêbados precisam ir com alguém. — avisei olhando para Wook, que se escondeu atrás de Shin — Eu levo Wook e Kyuhyun.

— Eu levo o Shin porque ele não vomita. — puxou o maior da frente de Wook.

Todos olharam para Siwon.

— Kangin vai ter que ir com você. — Leeteuk avisou e Siwon bateu na testa — Só tentem não se matar.

— Pense pelo lado bom, poderia ser Wook. — falei enquanto ria, o que fez os outros rirem também.

— Deus me dibre de ir com aquele ser no carro, repreendido. — Siwon zoou enquanto olhava para os céus como se agradecesse.

Wook revirou os olhos impaciente.

— Eu posso dirigir a van, não irei beber hoje. — Yesung avisou e os garotos concordaram — Então vamos, oras.

Saímos do belo apartamento de Hae.

Descemos em dois elevadores diferentes, o medo do elevador cair era grande, por mais que ele fosse extremamente espaçoso.

Chegamos no térreo e segui para o carro de .

— Vamos passar em casa primeiro. — avisei e os meninos concordaram.

Decidimos deixar dirigir, Shin no passageiro e eu, Kyu e Wook nos espremendo no fundo.

O caminho se resumiu em cantoria, conversas e zoações dos três rapazes.

Assim que paramos em casa, avisei que iria apenas ao banheiro primeiro, enquanto os garotos podiam esperar na sala.

e Shin continuaram ali com a gente, enquanto eu ia fazer minhas necessidades.

Depois de terminar tudo ali, passei um lápis de olho apenas e segui para a sala, não encontrando ninguém.

Estranhei e fui procurar então no meu quarto, onde os encontrei olhando o varal de fotos.

— Yah, essa foto é de 2005, quando fomos debutar ainda! — Shin apontava para uma das fotos mais antigas dali.

— Quando conheceu Kyu e ele a sujou de bolo, melhor cerimônia. — pegou uma das fotos na mão como se lembrasse exatamente do acontecido.

— Ela ainda tem isso? — o mais novo pareceu se interessar — Yah... Meu cabelo, que decepção.

Tentei rir baixinho, não queria que eles me percebessem ali no batente da porta.

— Ela ainda tem foto com o Min. — Wook tirou a fotografia do varal e todos direcionaram o olhar para aquela.

Eu não sei
Quero saber


Mordi o beiço, eles não precisavam saber dessa.

— Tem deles crianças também. — Shin apontou para outra, quando eu e Min estávamos nos formando do primário.

— Ela deve passar o dia vendo essas fotos. — Wook disse e concordou.

— Quando vim buscá-la para irmos hoje, ela estava olhando para essa foto aí.

Kyu olhou para o resto do varal.

— Três, quatro... Cinco fotos de quando eles ainda namoravam.

Nem eu sabia que eram tantas.

— Essa quando eles começaram a ficar, na gravação de Sexy, Free and Single. Essa quando ele a pediu em namoro, quando Hyuk e Henry estavam na gravação de Maxstep. — Kyu apontava para cada foto na ordem cronológica.

— Eu lembro desse dia, ele falou que iria passear e só voltou a noite. — Shin comentou.

— Essa foi quando a estava acompanhando a gravação de Break Down... Ela quem montou a coreografia. — apontou — Aquela foi no um ano de namoro que Min a levou para Jeju... E tivemos de ir junto para não terem tanta certeza do namoro deles. — Kyu riu — E a última, na gravação de Mamacita quando...

Este sonho terminará assim?


— Nós terminamos. — me pronunciei e eles olharam espantados para trás — Esse dia foi muito marcante, precisava colocá-lo no mural.

Os quatro me olhavam e eu os encarava de volta.

— Vamos ficar nos encarando ou iremos pro Night?

A galera dispersou e fomos para os carros.

Eu no banco de motorista, Wook no passageiro e Kyu no fundo, seguimos o carro de .

— Acho que apenas deixarei vocês lá e busco quando me ligar ou algo do tipo.

— O que? Por quê? — Wook me olhou.

— Não acho que irei me divertir tanto como antigamente.

— Yah, você vai se divertir sim, eu prometo de dedinho. — Kyu colocou sua cabeça entre os dois bancos da frente.

Mesmo relutante, acabei concordando e deixando o assunto pra lá, logo após, um silêncio.

— Esse silêncio bizarro aqui, não combina com vocês dois. — disse enquanto olhava a estrada.

— Não sabíamos que ainda tinha tudo aquilo de foto. — Kyu disse olhando o retrovisor.

— Elas montaram minha história, pode até machucar às vezes, mas faz parte.

Este sonho terminará assim?

Ambos pareceram discordar, porém decidiram se manterem calados mesmo. Sabiam que, como sempre, eu não iria dar ouvidos.

Como o rádio estava ligado, deixamos o assunto para outra hora enquanto cantarolávamos algumas das músicas antigas.

— Que saudade de Miracle! — Wook aumentou o volume quase me fazendo ficar surda.

— Era nítido a revolta que o Siwon teve para cantar essa música. Não combina com vocês. — contei enquanto virava na esquina da Night, já avistando algumas fãs.

— Claro, seremos eternamente Twins e Don’t Don. — Kyu se convenceu e acabei rindo.

— Vocês são mais musicas farofas, tipo Sorry Sorry, Mr. Simple... Mamacita. — desabafei olhando o retrovisor para estacionar o carro — Black Suit só não ficou perfeita porque...

— A gente não estava. — Wook colocou a mão no peito como se sentisse muito — Fazemos toda a diferença, eu sei.

Revirei os olhos e desliguei o carro, logo descendo do mesmo.

— Yah, tem muitas fãs, já estou desacostumado. — Ryeowook olhou em volta enquanto parecia rir de nervoso.

— Que nada, são só algumas, vamos indo.

Os puxei para a entrada e demos nossos nomes para um dos seguranças, que nos permitiu entrar.

Apesar de lá fora ainda estar meio claro, com o Sol começando a se pôr, lá dentro parecia balada da meia noite.

Música alta, idols pulando na pista enquanto bebiam de seus variáveis energéticos e álcoois e a mera eu, perdida no meio de pessoas suadas e ligeiramente bêbadas.

Encontrei sentada numa mesinha, junto de Yesung e Siwon, que pareciam alegres com... Não sei o que eles bebiam, mas espero que não seja álcool.

— Wook e Kyu me abandonaram na entrada, me senti uma isolada procurando vocês. — gritei para que pudessem me ouvir apesar da música alta.

Os dois homens concordaram e apenas riu da minha cara.

— Tem ponche, quer? — ela perguntou enquanto me oferecia um copo — Não tem álcool.

Agradeci. Ela sabia que eu odiava bebida com todas as minhas forças, motivo? Nem mesmo eu sei, apenas não gosto.

A música abaixou um pouco e tocaram algumas para se dançar em casal. Yesung chamou para dançar, desde que não se viam fazia um bom tempo.

Restou eu, Siwon e Eunhyuk que brotou do chão.

— Nem foi tão difícil. — Hyuk disse convencido — Vai dizer que não está aproveitando a festa?

— Estou sim. — sorri envergonhada, que bom que os membros haviam me convencido a ir — Mas ainda é estranho.

— Ninguém disse que não seria estranho, apenas que se divertiria. — Donghae voltou da pista de dança após duas músicas lentas.

— Tem um monte de gente famosa aqui, me sinto isolada.

Os garotos riram enquanto se afogavam na bebida. Wook e Kyu desapareceram logo quando entramos e provavelmente estavam no sexto copo de soju. Siwon e Yesung observavam os outros com copos de energético em mãos, pelo menos estavam sóbrios para dirigir.

Levantei da mesa por não aguentar mais o cheiro de álcool que impregnava por todo o salão, acabei esbarrando com Heechul enquanto tentava escapar para o exterior em busca de ar fresco, mas o mesmo não parecia raciocinar bem.

! Era você mesma quem eu procurava! — se aproximou e senti o cheiro forte da bebida vindo de sua garganta.

Heechul pegou em minha mão e levou-me até Sungmin e Sa Eun.

— Chul, o que está... — ele me interrompeu.

— Creio que Eun já sabe de vocês dois.

— Heechul. — Sungmin engrossou a voz como se o repreendesse.

Por que não posso
Ter ambos?
O amor e a pessoa amada


— Não contou a ela, Sungmin? — Heechul riu — Querida Eun, seu esposo e sua madrinha de casamento têm um passado peculiar.

— Heechul, você está bêbado, vamos embora. — tentei puxa-lo, mas outra mão encostou em meu braço, me impedindo de sair dali.

— O que ele quis dizer, unnie?

Engoli em seco e olhei para Sungmin, soltando o braço de Chul.

O mais velho se afastou enquanto eu olhava perdida para o casal.

— Do que Heechul oppa estava falando? — insistiu.

Procurei como falar aquilo para ela, sendo que Sungmin estava logo ali do lado.

Seria indelicado simplesmente dizer que namoramos por um bom tempo, ele terminou comigo e poucas semanas depois anunciou seu namoro com, agora, sua esposa.

— Vamos ser sinceros, Eun, eu e namorávamos antes de... — o garoto pensou — Antes de nós dois ficarmos.

Ele fez um gesto demonstrando ele e Eun por estar nervoso.

— Quando? Por quanto tempo? — seu olhar era confuso.

— Um ano e dez meses, dois meses depois de você voltar.

Ela deixou o queixo cair como se estivesse surpresa.

— Espera, mas ele me pediu em namoro menos de seis meses depois que voltei. — ela apontou para Sungmin enquanto me olhava incrédula.

— Estávamos passando por uma situação estranha, — Sungmin se explicou — e você apareceu.

Engoli em seco, seria melhor deixá-lo contar a sua versão para Eun, ou a minha?

— Terminamos na gravação de Mamacita, você não foi a segunda opção ou uma saída para ele, apenas rolou. — entrei na onda desc não querendo causar mais problemas.

— Por isso que a unnie não queria ir no nosso casamento? — ela me olhou e arregalei os olhos.

— Q-quem disse isso?!

— Um oppa aí, ele disse que Kyu gritou com você quando disse que iria se mudar alguns dias antes do nosso casamento, ainda bem que ele te convenceu a ser minha madrinha. — ela sorriu meiga e tentei retribuir, mas saiu muito falso.

— Entendo... Então, vou ficar lá fora um pouco, aproveitem bem. — sorri curto e saí andando para os fundos.

Ar puro. Vento. Silêncio. Eu precisava dessa combinação para que pudesse relaxar.

Me afastei da boate antes de senti as lágrimas quentes escorrerem. Amém que meu lápis era a prova d’água, mas meu rosto molhado estava me dando agonia.

— Por que eu estou chorando? Não tenho motivo para chorar. — olhei para minhas mãos com alguns pingos de lágrima — Sua pabo, pare de chorar.

No fim, é tudo momentâneo
O amor é momentâneo


Eu reclamava para mim mesma. Acho que mentir nosso término foi mais doloroso do que passar por ele próprio. Era como se Sungmin fosse o bonzinho e eu a vilã, sendo que eu nunca o traí, nunca pensei em outro homem enquanto estávamos juntos, diferente dele.

Senti a brisa bater em meu rosto molhado me fazendo tremer levemente. Precisava voltar para dentro.

Ainda bem que estava de camiseta e calça.

Já do lado de dentro, procurei por Kyu e Wook para que pudéssemos voltar para casa. Eu não queria ficar mais.

Os encontrei bebendo no barzinho que ali tinha.

— Olha nossa ! — Kyu fechou os olhos por já estar mais do que bêbado — Está maravilhosa, noona.

Sorri tímida enquanto tentava puxa-los. Wook já parecia morrer de sono por conta da bebida, enquanto Kyu estava parecendo um drogado de tão maluco que estava.

— Era só o que me faltava, você beber energético com álcool. Aish...

Coloquei o braço de Wook acima de meus ombros e o levei até o pequeno espacinho de entrada, que haviam bancos almofadados.

— Me espera aqui que irei trazer o Kyu, hm?

Acredito que ele não tenha me escutado, mas do mesmo modo, fui buscar Kyu que já havia mudado de lugar.

— Onde aquela peste foi? — esbravejei enquanto o procurava entre as pessoas pulando na pista.

Mais à frente, o encontrei conversando com uma planta.

Sim, com uma planta. Estava já tão bêbado que fizeram amigos imaginário, que lindo.

Fiz o mesmo trajeto que tinha feito com Wook e os deixei um ao lado do outro nos banquinhos, enquanto ia para o lado de fora buscar o carro.

Quanto tempo havia se passado desde que chegamos? Algumas fãs dormiam nas ruas e os guardas pareciam querer tirá-las dali.

Enquanto passava de mansinho para não acordar às moças, senti alguém puxar meu pulso, me fazendo virar.

— Desculpe. — ele pediu assim que encontramos nossos olhares.

E mais uma vez, aquele clima pesado entre nós dois. Depois de tantos anos, apenas nós dois nos olhando, sem nenhum conhecido em volta para puxar algum assunto por nós.

— Desculpas? Para que suas desculpas?

— Fui babaca com você. — olhou para o chão e soltou sua mão de meu pulso — Terminei sem mais nem menos e ainda fiz os garotos te pressionarem a ir no meu casamento... Me perdoa, eu não pensei em como você poderia estar.

Suspirei com certa ironia.

— Pelo menos sabe que errou. — mordi o lábio inferior — Não sei se posso te perdoar, talvez algum dia, mas isso ainda me machuca, mesmo após quase quatro anos.

Ele me olhou como se suplicasse.

— Min, o seu olhar não tem mais efeito sobre minhas decisões, suas palavras não podem mais me manipular como antigamente, seu rosto fofo e angelical não me encanta como antes, eu só sinto repugna e tristeza quando te vejo. — suspirei tentando conter o choro, mesmo sabendo que em breve seria impossível — Eu sinto saudade, mas também quero apagar esse passado de mim. Você seguiu em frente, tem uma esposa linda e maravilhosa ao seu lado, dinheiro para esbanjar e comprar o que tiver desejo, amigos para qualquer hora, saúde... E eu? E eu, Sungmin? A minha vida parou no momento em que você terminou comigo. Eu acordo dia a dia, encontro as mesmas pessoas, passo pelas mesmas ruas, mas por que diabos em sinto que não estou vivendo? Apenas... Sobrevivendo? Você me marcou como essa tatuagem, — mostrei a tinta em meu braço — você se mostrou eterno na minha vida, como essa tatuagem. E eu tento, constantemente, te apagar. Queria que você saísse das minhas memórias como sujeira sai da nossa pele. Queria que você se fosse junto das minhas lágrimas que caem a cada vez que olho nossas fotos no meu varal. Queria que você esvanecesse, assim como essa tatuagem. Essa música, aquela letra, aquela melodia, por que parece a música que tocará no meu funeral? Quando eu não suportar mais olhar essa tatuagem e me recordar de você, e preferir desaparecer por mim mesma, você se lembrará de nós? Você vai se recordar que teve uma garota por longos dois anos, terminou com ela sem explicações e agora vive feliz com uma outra mulher? Seu coração palpitará ou escolherá apenas esquecer? — as lágrimas agora escorriam sem parar — Cicatriz? Meu coração não tem mais como cicatrizar a ferida que você causou. Seu sofrimento? Suas fãs? Elas pedindo que você saia me machuca também, ok? Pensa que eu parei de puxar da tua dor para mim, não mesmo. Eu ainda me importo, e esse é o meu maior erro. Me importo com quem pouco liga para mim. Eu morro a cada dia, de pouco a pouco, apenas por lembrar da você. Não seria suicídio se não foi eu quem me meti numa emboscada. Se um dia eu caísse do terraço de um prédio, você seria a pessoa quem me empurrou, e seria você quem me levaste até para fora da grade. Inconscientemente, Sungmin, você me destrói. É tão egoísmo meu querer que você passasse pelo que passei? É tão errado assim? — me aproximei dele e dei um soco em seu peito com a pouca força que tinha — Sungmin-ah... Me acorde desse pesadelo, me diga que isso tudo é apenas um pesadelo...

Coloquei as mãos sobre meu rosto, não aguentando mais chorar. Tudo o que guardei no meu coração por anos, saiu aqui. Na frente de uma boate.

É só um sonho passageiro
Mas eu não quero acordar ainda


Enquanto chorava, senti o mesmo me abraçar. Eu estava vulnerável a Sungmin, tudo o que disse no começo era mentira. Eu ainda pertencia a ele, meu corpo e meu coração.

Eu tinha me entregado a você de corpo e alma, achando que talvez poderia acontecer o nosso final feliz.

...

E eu estava enganada, como sempre.

Min, você fez a minha vida muito feliz durante longos anos. Não somente enquanto namorávamos, mas também quando éramos melhor amigos de primário e fundamental.

Viver contigo fora viver insanamente. Me arriscando para coisas novas, aprendendo com essas novas situações e compartilhando desses altos e baixos contigo.

Hoje, eu escolhi por não olhar mais a minha tatuagem, talvez soe como... Te deixar partir.

Você já foi meu, e eu aproveitei o máximo que pude.

Talvez essa tatuagem seja um motivo de risada mais para frente, quem sabe quando eu me casar e ter meus filhinhos eu posso contar a história dessa tatuagem?

Sungmin, meu amor, eu escrevi essa carta com cada sentimento meu guardado. Escrevi cada emoção que senti, cada pensamento que senti. E espero que você seja muito feliz com Eun, ela é um amor de pessoa.

Você ainda se lembra que eu sempre gostei de parábolas? De comparações da vida com objetos inanimados? Então... Acho que encontrei um para nos definir.

Eu deixei que a insanidade do nosso amor me marcasse tão profundamente que virou uma tatuagem.

Nosso amor, nosso romance, nós dois.

É como uma tatuagem, você tenta apagar aquilo, mas já está marcado em você. Para sempre.

Eu não vou mais tentar apagar essa tatuagem, apenas a deixarei ali, no seu cantinho. Quem sabe ela posso começar a se cicatrizar alguma dia.

Um curto devaneio
Um devaneio...
Um curto devaneio
Um devaneio


Cada verso da sua música eu passei a limpo aqui na carta, talvez por que eu a ame muito ou por caber exatamente na nossa história.

Eu ainda tenho o varal, viu? E cada sentimento vem assim que toco em cada foto, parece mágica.

Não foi você mesmo quem disse que o amor é como um devaneio?

Então, acho que preciso discordar de você nesse momento.

Nosso amor foi real, não apenas uma fantasia. Ele está marcado, lembra? Ele é a nossa tatuagem.

Com saudade,


~The end~


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